Entre os autores que mais estudaram a personalidade humana, está ele, Carl Gustav Jung, que durante 50 anos se dedicou com muita energia à este propósito.
O livro "Tipos Psicológicos", publicado em 1921 é uma de suas obras mais importantes,é o resultado de 20 anos de observações.
Para Jung existem dois tipos psicológicos: o extrovertido e o introvertido.
Extroversão significa "o fluir da libido de dentro para fora", Jung (1967), a pessoa flui de maneira natural para o mundo externo dos objetos, fatos e pessoas, é impulsiva. comunicativa, social e tem facilidade para se expressar oralmente.
A introversão encarrega-se da reflexão, o indicíduo pensa antes de agir, tem postura reservada, retraimento social, discrição e facilidade em escrever.
O professor extrovertido, encontra em uma sala de aula um ambiente que não lhe é estranho, enquanto o professor introvertido precisa de um trabalho interior para lidar com uma turma de adolescentes. Por outro lado, o professor extrovertido tem dificuldades com os alunos introvertidos chegando ao ponto de classificá-los como egocêntricos, sonhadores e distraidos, o professor extrovertido também sente muita solidão nos momentos em que tem que estudar e planejar suas aulas.
Segundo Jung, o indivíduo além de ser determinado pelo tipo psicológico, é determinado por quatro funções psiquicas, que são habitualmente empregadas pelo ego: Sensação, Pensamento, Sentido e Intuição.
Zacharias (1994) explica que; "A Sensação corresponde a totalidade das percepções de fatos externos que nos chegam através dos sentidos; o Pensamento, dá o nome à esta coisa e agrega-lhe um conceito; o Sentimento nos informa o valor das coisas, nos diz se elas nos agradam ou não, constituindo uma avaliação e não uma emoção; a quarta e última função está ligada ao conceito de tempo que equivale a um passado e um futuro, conhecemos o passado, mas o futuro dependerá de um palpite que é a Intuição.
Nenhum indivíduo desenvolve bem as quatro funções. Cada um de nós têm uma função dominante e uma função auxiliar (desenvolvida parcialmente). As outras duas funções são inconscientes porém sua eficácia é bem menor.
Jung diz que a função que configura melhor um professor exemplar é o sentimento, pois permite a criação de uma atmosfera psíquica indispensável para a aprendizagem e é capaz de proporcionar a constelação do arquétipo professor/aluno.
Ainda com relação ao professor, Jung diz que seu papel vai além de ser um mero transmissor de conteúdos, ele deve se uma personalidade capaz de educar pelo exemplo. Sua tarefa não consiste em enfiar na cabeça certa quantidade de ensinamentos, mas também influir nas crianças em favor da sua personalidade total.
A escola e o professor contribuem para a gradual diferenciação do ego, com o objetivo de formar um indivíduo consciente, também contribuem para o processo de desligamento da criança com a família que Jung define como "um rompimento de um cordão umblical simólico, sem o qual não seria possível a produção de cultura".
Dentro das relações ensino-aprendizagem e do arquétipo professor/aluno, dentro do adulto existe uma criança que impele o novo. O conhecimento do adulto torna-o rígido e fechado, com o respeito e inovação, ele precisa permanecer emocionalmente vivo, conservar e cultivar o potencial de vida representado pela ingenua abertura e pela irracionalidade das experiências da criança que ainda não sabe nada.
Um bom professor deve se sentir fascinado pelo arquétipo adulto instruído/criança ignorante, estimular o adulto instruído na criança, assim como o médico ativa o princípio interior da cura no paciente, despertando o interesse e a vontade na criança.
Jung faz um esquema para ilustrar as relações existentes em um processo de ensino-aprendizagem:
a) Uma relação entre professor e aluno
b) Um relação do professor com sua criança interior
b') Uma relação do aluno com seu adulto instruído
c) Uma relação da criança do professor com o adulto do aluno
d) Uma relação do aluno com a criança do professor
d') Uma relação do professor com o adulto do aluno
Se não ocorre (a), deixa de haver uma relação pedagógica, porque de um certo ponto de vista, o professor ou o aluno "faltou".
Se nao ocorre (b), há a cisão do arquétipo professor/aluno. Se a infantilidade do professor é reprimida, então ela é projetada sobre o aluno. Quando isso acontece, o processo de aprendizagem é bloqueado.
Se não ocorre (b'), também há a cisão do arquétipo. O adulto instruído não está presente no aluno, e ele se recusa a aprender.
Quando não ocorre (c) deixa de ser criado a "atmosfera simpática" que é necessária entre a relaçãodo professor com o aluno, ela é fundamental para que ocorra a aprendizagem, entendida não apenas como acúmulo de conhecimentos, mas como o crescimento pessoal do educando, não podemos imputar a carência dessa atmosfera somente ao professor, posto que cada vez mais o ambiente em que vive o aluno fora da sala de aula conspira contra ele.
Se não ocorre (d), a criança do professor não se comunica com o aluno, e então se tem um professor sem capacidade de empatia quanto às dúvidas e incertezas do aluno. É muito provável que esse professor tenha perdido o contato com sua criança interio, recaindo na ausência da seta (a).
Quando não ocorre (d'), o adulto do professor deixa de se comunicar com o adulto instrído da criança, e esta tenderá a imitar o professor de modo servil, não conseguindo apropriar-se do conhecimento.
Portanto, o professor só conseguirá ensinar se já tiver passado pela condição de aluno. Sendo assim o professor entende o aluno. É o professor quem constela na criança o adulto instuído, de modo que a faça se aproveitar dessas informações, ampliando sua consciência. Somente tendo desenvolvido essas habilidades nele próprio é que o professor conseguirá fazer com que seu alunos as desenvolva.